Friday, April 07, 2006

Apenas Amigos (“Just Friends”)

Realizador: Roger Kumble
Intérpretes: Ryan Reynolds, Amy Smart, Chris Klein, Anna Farris, Christopher Marquette, Julie Haggarty, Stephen Root, Fred Ewanuick
Classificação: *+

Trata-se de uma comédia romântica que conta a história de um rapaz que no liceu era apaixonado pela sua melhor amiga, que o via só como tal…um amigo.
Anos depois volta a encontrá-la, mas desta vez em vez de ser um “falhado”, ele tem uma carreira de sucesso e é um sucesso com as miúdas…

Apesar de neste tipo de filmes ser de esperar alguma previsibilidade, há alguns que conseguem ultrapassar os clichés de uma forma mais interessante…o que não acontece com este.
A história é algo fraca, e recorre um bocado a piadas e situações mais parvas. Não consegue sair da mediocridade

Em termos de actores estes cumprem o seu dever, sendo caras conhecidas deste tipo de filme.

Resumindo, trata-se de um filme para rir mas algo fraco. Tendo em conta a oferta das salas de cinema há outras opções a considerar.

Conceição Vences Leal

Como Despachar um Encalhado (“Failure to Launch”)

Realizador: Tom Dey
Intérpretes: Matthew McConaughey, Sarah Jessica Parker, Zooey Deschanel, Justin Bartha, Kathy Bates, Terry Bradshaw, Bradley Cooper
Classificação: ***+

Mais uma comédia romântica chega às nossas salas de cinema. Embora não trazendo nada de novo trata-se de um filme agradável e descomprometido.

A história gira à volta de Tripp, um homem de 35 anos que ainda vive em casa dos pais. Estes, querendo que ele se mude contratam uma terapeuta cuja especialidade é mesmo essa, levar a que os homens saiam de casa. Para tal simula o início de uma relação com eles. O problema é quando começa a haver um interesse mais sério.

Apesar de relativamente previsível a história está bem conseguida com momentos bastante engraçados, não se tornando cansativa.

As interpretações estão a cargo de actores bem conhecidos e a banda sonora dá um bom suporte à acção.

Resumindo, para quem pretenda um filme leve e divertido esta é uma boa aposta. Dentro das comédias românticas pode-se considerar de bom nível.

Conceição Vences Leal

Monday, April 03, 2006

Agente Disfarçado 2 (“Big Momma`s House 2”)

Realizador: John Whitesell
Intérpretes: Martin Lawrence, Nia Long, Emily Procter, Zachary Levi, Mark Moses, Jascha Washington
Classificação: **-

O polícia que em Agente Disfarçado 1 se tinha vestido de Big Momma está agora casado e à espera de um filho. Os seus tempos de agente de campo já lá vão, e agora actua praticamente como Relações Públicas do FBI. Mas quando um antigo parceiro seu aparece morto, decide investigar por si só e volta a vestir-se de Big Momma, a tão simpática senhora com uns quilitos a mais. Desta vez Big Momma vai tornar-se ama dos filhos do principal suspeito, e confusões não vão faltar.

A fórmula que resultou no primeiro volta a resultar no segundo, pelo menos em termos de algumas risadas garantidas. Mas o filme não passa daí. A história é mais que previsível e só mesmo algumas cenas vão carregando o filme ao longo de um argumento igual a muitos outros.

Em termos de actuações, não há muito a dizer…sendo Martin laurence com a sua Big Momma que se destaca. A banda sonora dá uma base simpática ao filme.

Resumindo, para quem quer um filme muito leve para poder descontrair e rir um bocado este poderá ser uma hipótese.
Conceição Vences Leal

Casanova (“Casanova”)

Realizador: Lasse Hallström
Intérpretes: Heath Ledger, Sienna Miller, Jeremy Irons, Oliver Platt, Lena Olin, Omid Djalili, Stephen Greif, Natalie Dormer
Classificação: **+

Pegando na temática do famoso personagem sedutor e da sua inumerável lista de conquistas, a história mostra-nos que nem mesmo ele é imune à seta do Cupido acabando por apaixonar-se exactamente pela mulher que não quer ter nada a ver com ele.

A história é engraçada e decorre a um bom ritmo, seguindo no entanto uma fórmula simplista no seu desenrolar. A parte final, no entanto, descamba um pouco o que é pena. Há que ter em conta que apesar de ser um filme de época, se trata de uma comédia romântica, daí o exagero de algumas situações. A certa altura faz lembrar um pouco as comédias de costumes de Shakespeare, embora fique muito aquém das suas peças. Quem for à espera de algo mais sério poderá sair desiludido.

A banda sonora é engraçada e as actuações são de bom nível, sendo o elenco bastante conhecido. A recriação de cenários e guarda-roupa está muito boa e é um dos pontos positivos do filme.

Concluindo, estamos perante um filme simples sem grandes pretensões, mas que traz boa disposição. Para quem quer relaxar duas horas sem ter de pensar em coisas sérias trata-se de uma boa opção.

Conceição Vences Leal

Nanny McPhee - A Ama Mágica (“Nanny McPhee”)

Realizador: Kirk Jones
Intérpretes: Emma Thompson, Colin Firth, Kelly Macdonald, Celia Imrie, Derek Jacobi, Patrick Barlow, Imelda Staunton, Thomas Sangster, Angela Lansbury
Classificação: **

Trata-se de uma fábula sobre um viúvo que tem 7 filhos totalmente indisciplinados, e que vive da ajuda de uma tia rica mas controladora. Dada a natureza das crianças é-lhe quase impossível manter uma ama em casa até ao dia em que surge a Nanny McPhee. Esta é uma mulher estranhíssima e algo repelente, mas que de imediato toma conta da situação. A questão é….usará ela magia?

Na minha opinião este é mais um filme dirigido a crianças, ou então a quem gosta de ver fábulas ou filmes de contos de fadas….
O filme vê-se bastante bem embora a história seja bastante simplista e previsível.

Em termos de actuações, Emma Tomphson está praticamente irreconhecível, e é um dos pilares do filme.

Para quem gosta do género vale a pena, mas fica a nota de que é um filme muito básico.

Conceição Vences Leal

Friday, March 17, 2006

A Pantera Cor-de-Rosa (“The Pink Panter”)

Realizador: Shawn Levy
Intérpretes: Steve Martin, Kevin Kline, Beyoncé Knowles, Jean Reno, Emily Mortimer, Henry Czerny, Kristin Chenoweth, Roger Rees
Classificação: ***

Ao fim de muitos anos, o famoso inspector Closeau volta à ribalta. Desta feita numa história que mostra como se tornou famoso. O inspector trapalhão tem de investigar a morte de um famoso treinador de futebol e o roubo do famoso diamante Pantera cor-de-rosa. Pelo meio vai ter algumas ajudas e outras tantas desajudas….se bem que o seu maior inimigo é ele próprio.

Se compararmos com os clássicos de Peter Sellers, este filme fica muito aquém….mas tomado de uma forma individual proporciona uma hora e meia de riso e divertimento, que é o que muitas vezes se pretende. Tem cenas bastante cómicas, e Steve Martin não está mal na pele do personagem principal Jean Reno está óptimo no papel do calmo e imperturbável assistente de Closeau.

As actuações estão boas estando presentes muitas caras conhecidas, e o filme não aborrece, tendo uma banda sonora extensa e moderna.

Em resumo, trata-se de um filme excelente para quando se pretende dar umas boas risadas e descontrair. Em termos de cinema não traz nada de novo, mas às vezes também não é isso que se pretende. Para os fãs dos antigos filmes da simpática pantera, não tentem comparar pois podem ficar desiludidos.

Conceição Vences Leal

Friday, March 10, 2006

Terra Fria (“North Country”)

Realizador: Niki Caro
Intérpretes: Charlize Theron, Frances McDormand, Sean Bean, Woody Harrelson, Jeremy Renner, Richard Jenkins, Sissy Spacek, Thomas Curtis, Elle Peterson, Michelle Monaghan
Classificação: ***

Numa pequena cidade Americana cuja fonte de riqueza e de emprego é uma minha de ferro, uma mulher vê-se sozinha com dois filhos para criar. Surge a oportunidade de ir trabalhar para a mina, e apesar da dureza das condições a independência monetária tem peso e ela aceita.
No entanto a mina é um mundo de homens e as mulheres que lá trabalham têm uma vida difícil, já que os homens as consideram inferiores e como alguém que está a roubar a homens válidos.
Num ambiente de total discriminação sexual e abusos, essa mulher tem a coragem de se queixar, contra tudo e contra todos.

Baseado em factos verídicos este filme tem uma história de base interessante mas acaba por cair numa previsibilidade que lhe retira interesse, dei por mim a ter a sensação de já ter visto filmes muito semelhantes.

A mais valia deste filme é o nível das interpretações, que praticamente são o que o puxa da total mediocridade. Em termos técnicos o filme está bom, mas não traz nada de novo. Sendo uma história verídica era de esperar alguma previsibilidade, mas neste caso é demasiada. O argumento não soube ultrapassar esse problema.

Em resumo, é um filme que se vê bem, mas é mais uma história típica, não entusiasma. É ver e esquecer.

Conceição Vences Leal

Colisão (“Crash”)

Realizador: Paul Haggis
Intérpretes: Matt Dillon, Don Cheadle, Sandra Bullock, Brendan Fraser, Thandie Newton, Ryan Phillippe, Larenz Tate, Jennifer Esposito, William Fichtner, Nona Gaye, Terrence Howard, Michael Pena, Shaun Toub, Bahar Soomekh
Classificação: *****

Sem dúvida para mim o melhor filme do ano passado. E não querendo entrar muito pela análise dos óscares, penso que o prémio de Melhor Filme foi bem merecido.

Este é um filme que já estreou entre nós há bastante tempo, mas de forma bastante discreta. Foi-se mantendo em cartaz durante meses, desapareceu e agora regressou, o que acho bem, pois dará a hipótese a mais pessoas para o irem ver.

A história decorre em Los Angeles no período de um dia, e gira à volta de muitos personagens. Durante esse dia a vida desses personagens, que são originários dos mais variados extractos sociais e raças, entrecruza-se mostrando-nos a realidade de uma cidade, os seus conflitos raciais e não só. Usando um pouco alguns estereótipos o filme mostra-nos a xenofobia, o racismo que existe a todos os níveis. Umas vezes de forma mais leve outras não, expõe os preconceitos que nos rodeiam e que às vezes não aceitamos que existem. Mas mais, mostra que nem tudo é branco ou preto, uma pessoa que pode cometer um acto atroz num momento, noutro pode cometer outro totalmente altruísta.

As questões abordadas são várias e dão para pensar, e uma pessoa sai da sala a ponderar sobre alguns dos temas abordados. Penso que mesmo daqui a alguns anos, o filme vai ser actual, o que significa que tem substancia

E aqui aproveito para fazer mais uma referência aos óscares… há quem diga que Broakback Mountain devia ter ganho, que foi discriminação… mas não será exactamente o contrário? Lá por tratar de um tema quente e ser uma história algo diferente, só isso vale um óscar? Aposto que assim que o tema esfriar o filme vai desaparecer no esquecimento…. Especialmente se surgirem novos filmes com temas semelhante. Penso que um bom filme tem de perdurar no tempo. Daqui a 10 anos voltarmos a pegar no filme e ainda nos deliciarmos com ele.

De regresso a Crash, as interpretações são muitas e de bom nível, conferindo uma densidade psicológica que é um dos principais trunfos do filme. O elenco é de luxo estando recheado de bastantes nomes conhecidos. Não se pode dizer que haja uma grande interpretação principal dada a quantidade de personagens, mas Matt Dillon é um dos que se destaca.

A banda sonora é interessante e dá um suporte fundamental ao filme. Em termos de montagem esta está bastante bem conseguida, especialmente se tivermos em conta a quantidade de histórias entrecruzadas, dado estarmos perante um filme “mosaico”.

Em resumo, estamos perante uma obra de qualidade que aborda um tema bastante actual e preocupante das sociedades de hoje, embora talvez de uma forma mais especial da americana. Sendo um filme bastante sério e em alguns momentos de grande intensidade dramática, é intercalado por momentos mais divertidos, que mesmo assim acabam por nos fazer chegar a mensagem.
A não perder.

Conceição Vences Leal

Bandidas

Realizador: Joachim Roenning, Espen Sandberg
Intérpretes: Penelope Cruz, Salma Hayek, Steve Zahn, Dwight Yoakam, Sam Shepard, Ismael `East` Carlo
Classificação: **

Este é basicamente um filme para divertir, o que chamaria de um filme de pipocas, ou descartável. É para ver, rir um bocadito e depois esquece-se.

A história passa-se no México e mais uma vez gira à roda de terras e da construção do caminho de ferro. Os maus querem ficar com as terras dos camponeses e para isso estão dispostos a tudo. Pelo meio metem-se com os pais de uma camponesa, Maria (P. Cruz) e de uma ricaça mimada, Sara (S. Hayek). Apesar do antagonismo inicial estas juntam-se para se vingar e ajudar o povo, passando a ser conhecidas como as Bandidas.

O filme tem ritmo e é divertido, mas os diálogos são do mais simplista possível, sendo recheados de clichés. A banda sonora tem sonoridades que fazem lembrar quase de imediato a banda sonora de Zorro…. Será de propósito? Quanto às actuações, estão ao nível do que se espera, nada de fantástico, mas também não chocam.

Resumindo, o filme é extremamente simples e não acrescenta nada de novo, a previsibilidade é enorme mas dá para passar uma hora e meia descontraído. É bom para aqueles dias em que não se quer pensar muito.

Conceição Vences Leal

Friday, March 03, 2006

Transamerica

Realizador: Duncan Tucker
Intérpretes: Felicity Huffman, Kevin Zegers, Elizabeth Peña, Fionnula Flanagan, Burt Young, Carrie Preston, Graham Greene
Classificação: ****

Trata-se de um “road movie” sobre a relação entre duas pessoas que vivem à margem da sociedade, embora por razões muito diferentes. Bree, que vive em Los Angeles, é quase uma mulher, falta uma semana para a sua operação de mudança de sexo. Nascida homem, sente-se mulher e quer sê-lo em pleno, apesar de no dia a dia já o parecer. A alguns dias da grande mudança recebe a notícia de que tem um filho e o seu mundo estruturado desaba. Tendo de ir a NY ter com ele, encontra um adolescente problemático, algo envolvido com drogas e que vive de vender o corpo para ganhar a vida.

Os dois iniciam uma viagem para atravessar o país, cada um escondendo os seus segredos e vivendo os seus medos, mas à medida que o tempo vai passando uma relação vai começando a nascer.

A história está muito interessante, e não sendo um filme extremamente dramático devido a ser intercalado com momentos mais leves e divertidos, o seu conteúdo é profundo. O tema principal é o mundo dos transsexuais e dos problemas que os rodeiam, a não aceitação pela sociedade e pela família, o ostracismo a que são votados e a que eles próprios se votam. Mas para além disso o relacionamento entre pai e filho surge como um pilar fundamental do filme. A relação entre dois seres confusos que acabam por se aproximar e encontrar apoio onde menos esperam.

As actuações dos dois actores principais estão muito boas. Dado o papel de Felicity Huffman ser “diferente” a sua actuação acaba por sobressair, especialmente porque a construção do personagem está muito bem conseguida e credível. A sua nomeação para o Óscar de melhor actriz é justa, mas a questão será se ao fazer um papel de alguém “especial” não será mais fácil do que fazer o papel de alguém normal?
Kevin Zegers, no papel do filho reencontrado também está bastante bem emprestando um ar de inocência perdida, de alguém indefeso mas que ao mesmo tempo já foi maltratado pela vida. Muito bom.

A banda sonora é interessante e variada abordando vários géneros musicais e étnicos, sendo acompanhada por uma bela cenografia em alguns momentos do filme.

Concluindo, gostei bastante do filme, vê-se bem e apresenta um bom momento de cinema, tendo uma história interessante e uma boa construção de personagens. Vale a pena.

Conceição Vences Leal

Capote (“Capote”)

Realizador: Bennett Miller
Intérpretes: Philip Seymour Hoffman, Catherine Keener, Clifton Collins Jr. e Chris Cooper, Bruce Greenwood, Bob Balaban, Amy Ryan, Mark Pellegrino
Classificação: *****

Um dos livros mais bem sucedidos de sempre nos Estado Unidos foi “A Sangue Frio”, escrito por Truman Capote tendo sido uma obra que revolucionou a forma de escrita existente nos anos 50/60, dado o seu carácter de romance não ficcionado.
Este filme acaba por ser um misto de biografia do escritor com a própria história do livro que este escreveu. Começa quando Capote lê num jornal a notícia de um massacre no Kansas e resolve investigar, e toda a sua investigação que culminou na escrita da sua obra-prima.

O grande trunfo deste filme é sem dúvida Philip Hoffman, que consegue criar um personagem cheio de maneirismos (que vão muito mais além do que a voz de falsete) que é revestido de uma personalidade dúbia e que exprime uma elevada carga emocional. A composição do personagem é tal que é curiosa a forma como o actor nos mostra uma pessoa que mistura uma frieza imensa com uma carga emocional elevada. É esta mistura que fascina no filme e que ao mesmo tempo choca acabando por manter o espectador preso ao desenrolar da acção. No entanto gostava também de ressaltar o papel de Clifton Collins Jr., como um dos assassinos, cuja interpretação também é de alto nível.

Em relação ao restante elenco, mais uma vez, este é composto por actores conhecidos, que tendo interpretações de bom nível acabam por parecer mais apagadas quando colocadas contra a de P. Hoffman. No entanto Catherine Keener, nomenada para Melhor Actriz Secundária, tem um desempenho de elevado nível, acabando por ser um bocado a antítese de Capote, já que o seu papel é extremamente sóbrio e racional.

Todo o filme é muito interessante, e tendo ido um bocado desconfiada a pensar que ia assistir a um filme em que o personagem principal era um bocado exagerado devido ao que tinha visto nas apresentações tenho de confessar que mudei totalmente de opinião e afirmo que a interpretação é de excelente nível.
No global o filme está muito bem conseguido e merece a pena ser visto.
A não perder.
Conceição Vences Leal

Boa Noite e Boa Sorte (“ Good Night and Good Luck”)

Realizador: George Clooney
Intérpretes: David Strathairn, Robert Downey Jr., Patricia Clarkson, Ray Wise, Frank Langella, Jeff Daniels, George Clooney
Classificação: ****

Com a aproximação da noite dos óscares estrearam entre nós praticamente todos os filmes concorrentes às principais categorias.
Este, Boa Noite e Boa Sorte, é mais um dos grandes candidatos.

A história é muito simples, a acção passa-se nos anos 50 nos Estados Unidos na era da caça às bruxas liderada por McCarthy. A estação de televisão CBS, e mais precisamente uma equipa liderada pelo jornalista Edward Murrow atreve-se a contestar as acções desenvolvidas pela Comissão do Senado das Actividades Anti-Americanas.

O tema abordado é um tema muito interessante pois relata um período algo negro da América em que se vivia sobre com o sentimento anti-comunista, que teve bastante influência e repercussão a vários níveis, inclusive no mundo do cinema. O retratar do clima de opressão que se vivia e a tentativa de fazer chegar ao povo as injustiças cometidas, através de um simples programa televisivo é muito curioso.

O personagem principal está extremamente bem interpretado por David Strathairn (que merece estar na corrida à estatueta dourada) pois consegue dar ao seu personagem um carisma que acaba por ser um dos pilares do filme.
A realização também está bastante boa sendo de salientar o facto de se misturarem imagens reais dos discursos de McCarthy com imagens do filme. O facto do filme ser todo ele a preto e branco permite que tal inserção seja feita com sucesso o que dá um maior realismo a toda a história.
A Banda sonora está excelente, sendo introduzida cirurgicamente em momentos chaves através do recurso a uma cantora que grava nos próprios estúdios da CBS.

Em termos de elenco, este é de luxo, sendo composto quase todo ele por caras bem conhecidas.

Em resumo, é um filme muito bem conseguido cuja história evolui a um ritmo cadenciado e que consegue prender a atenção do espectador. Vale a pena ver.

Conceição Vences Leal

Friday, February 24, 2006

Aeon Flux

Realizador: Karyn Kusama
Intérpretes: Charlize Theron, Marton Csokas, Jonny Lee Miller, Sophie Okonedo, Frances McDormand, Pete Poslethwaite, Amelia Warner
Classificação: **

Baseado numa série da MTV, a história passa-se no futuro. Depois de um vírus que quase destruiu a raça humana só um punhado de pessoas sobreviveu graças a uma cura inventada por um cientista. Há volta desses sobreviventes foi construída uma sociedade perfeita numa cidade protegida do mundo exterior. Os governantes foram sempre os descendentes desse cientista, que passaram a ser tipo família real. Mas nem tudo o que parece perfeito o é, e do grupo de resistência surge uma nova heroína… Aeon Flux.

A história de fundo está interessante e não sendo muito elaborada é engraçada. Mas a tentativa de mostrar muita acção acabou por jogar um pouco contra o filme. Especialmente a primeira parte torna-se muito plástica, tenso sido introduzidas muitas cenas só para mostrar efeitos especiais, acrobacias, acção e a heroína em fatos justos e reduzidos…. Faz quase lembrar um jogo de computador em que ao cair-se no exagero o tom do filme passa a soar a falso. A partir do meio do filme, quando o enredo começa a desenvolver um pouco o filme torna-se muito mais interessante e equilibrado.

A banda sonora parece de jogo de computador, mas dado que o ritmo do filme o justifica acaba por encaixar bem. Os actores estão bem dentro do que lhes é exigido, o que não é muito. O principal aqui não é as actuações mas sim a acção.

Resumindo, é um filme engraçado, especialmente para quem gosta de acção. Sendo uma história simplista até tem um tema interessante. Se não se for com grandes exigências de argumento acaba por ser um agradável entretenimento, é pena o ritmo do filme não ter sido todo ao mesmo nível da segunda parte.
Conceição Vences Leal

Aposta de Risco (“Two for the Money”)

Realizador: D.J. Caruso
Intérpretes: Al Pacino, Matthew McConaughey, Rene Russo, Armand Assante, Jeremy Piven, Jaime King
Classificação: ***

Aposta de Risco é um filme simpático sem grandes pretensões que acaba por ser um bom entretenimento. Apesar de ser baseado em factos reais, pode-se vislumbrar uma certa fórmula no desenrolar do filme. A história gira à volta de Brendon, um jogador de futebol americano em ascensão que de repente vê a sua carreira acabada. Quando é contactado por um “consultor” de apostas desportivas de Nova Iorque, aceita o desafio e vai trabalhar para ele. Aos poucos Brendon vai vendo nele uma figura paternal e o inverso também acontece sendo praticamente adoptado pelo consultor. Mas a fama não é uma coisa simples e misturada com o mundo de apostas tudo pode acontecer….

Como disse o filme parece seguir uma fórmula o que o pode tornar um pouco previsível, mas não deixa de ter a sua graça por isso. Tem um bom ritmo no desenvolvimento da história o que contribui para manter a atenção. O leque de actores é muito bom, e mesmo não tendo papéis que exijam mundos e fundos, as actuações são de bom nível.

Resumindo, para quem quer passar duas horas entretido é uma aposta a considerar. Não sendo um filme para ficar na memória também não se sai de lá com a sensação de que se perdeu tempo.

Conceição Vences Leal

Thursday, February 23, 2006

Syriana

Realizador: Stephen Gaghan
Intérpretes: George Clooney, Matt Damon, Jeffrey Wright, Chris Cooper, Mazhar Munir, Alexander Siddig, Christopher Plummer, Amanda Peet, William Hurt, Tim Blake Nelson
Classificação: ***

Este é um filme complicado de explicar, ou talvez não. Passado na actualidade aborda o tema de interesses económicos versus Médio Oriente versus Petróleo versus terrorismo. É possível pedir tema mais actual?

O conteúdo está excelente e é uma crítica total às manipulações que se fazem de modo a servir os interesses monetários e políticos em detrimento do bem geral e de vidas humanas.

Em termos de interesse temático daria 5 estrelas ao filme, o problema para mim é que a acção é lenta e pode tornar-se muito confusa dada a quantidade de personagens envolvidos e a sua independência entre si. Leva-se algum tempo a perceber qual o rumo que o filme quer tomar e a certa altura pode surgir o desinteresse. Para a segunda metade o filme ganha ritmo quando as peças que o compõem começam a encaixar, mas aí já pode ser um pouco tarde demais para o espectador. Depende do dia!

Em termos de actuações, estas são de muito bom nível, sendo o elenco composto por um elevado conjunto de personalidades. A cenografia é crua, querendo remeter, provavelmente, para a crueza das situações relatadas e dando um ar mais de reportagem do que de filme bonito.

Dada a dicotomia que senti, interesse da história versus lentidão da acção opto por dar uma classificação média, mas admito que para alguns este será considerado um filme excelente para outros sairão completamente aborrecidos da sala. Diria que quem gosta de filmes mais políticos sairá satisfeito. Quem está à espera de acção provavelmente sairá desiludido.

Conceição Vences Leal

King Kong

Realizador: Peter Jackson
Intérpretes: Naomi Watts, Jack Black, Adrien Brody, Andy Serkis, Jamie Bell, Kyle Chandler, Lobo Chan, Thomas Kretschmann
Classificação: *

Apesar de já estar quase em fim de exibição, aproveito para fazer uma pequena crítica a este filme. As opiniões que fui recebendo foram sendo divididas, para uns era muita fraco, para outros trata-se de um filme engraçado.

A história não vale a pena contar, é sobejamente conhecida por todos.

Dado ser um filme de elevado orçamento e eu nunca ter visto nenhuma das versões anteriores lá fui eu feliz e contente ver o dito.

Cerca de três horas depois o meu veredicto estava tomado, ou melhor, a metade dessa maratona já sabia… muito mau.

Apesar de um King Kong muito bem conseguido, talvez o melhor “actor” em cena, e de uma boa cenografia, o argumento é pior que um passador, de tantos buracos ou inverosimilhanças que existem. As cenas de acção são extremamente longas a ponto de se tornarem enfadonhas e repetitivas. A bicharada que aparece parece que são visitas de outros filmes, não havendo necessidade para tanto exagero. A certa altura parece que estamos a ver uma nova versão do parque Jurássico, neste caso “Parque Jurássico contra King Kong”. Os personagens não têm a mínima profundidade, são simplesmente marionetas que estão na história para encher chouriços. A história de amor é das menos credíveis que vi nos últimos tempos, química é mentira…. E aí por diante.

Tendo em conta os meios de que dispunha é inadmissível que o resultado final seja este. Um filme com bons efeitos especiais é bom, mas quando se exagera corre-se o risco de acabar com um filme sem interesse algum, como é o caso.

Em termos de actuações ganha o macaco. Em termos técnicos o filme está positivo. Argumento….deve ter havido um engano!!!!

Em conclusão, trata-se de um filme que aconselho a evitar….

Conceição Vences Leal

Pecado Capital (“Derailed”)

Realizador: Mikael Håfström
Intérpretes: Clive Owen, Jennifer Aniston, Vincent Cassel, Melissa George, Addison Timlin, Giancarlo Esposito, RZA
Classificação: **

Trata-se de um thriller simples mas que se vê bem. Charles, um homem casado e com uma filha doente conhece uma mulher num comboio, também casada e com uma filha. A química entre ambos é inevitável e dão por si a iniciar uma relação…só que nem tudo corre como devia e as coisas descambam….

O filme tem ritmo mas não traz nada de novo. Em termos de argumento apesar de poder ter algumas partes menos credíveis não é grave, mas acaba por ter uma história algo previsível.

As actuações estão ao nível necessário com a excepção de Jennifer Aniston que tem algumas falhas e não é muito convincente no papel que desempenha.

Resumindo, trata-se de um filme médio que garante duas horas bem passadas mas que não fica para a história. Vê-se bem.
Conceição Vences Leal

Dizem por Aí (“Rumour Has It”)

Realizador: Rob Reiner
Intérpretes: Jennifer Aniston, Kevin Costner, Shirley MacLaine, Mark Ruffalo, Richard Jenkins, Christopher McDonald, Steve Sandvoss, Mena Suvari, Mike Vogel
Classificação: **

A história está engraçada, pegando na história do filme “The Graduate” o autor considerou que a história era baseada numa família real, e coloca a neta da famosa Mrs Robinson a investigar o que se passou na altura. Com grandes dúvidas relativamente ao pedido de casamento que aceitou ela vai encontrar o homem com quem a sua mãe e a sua avó tiveram um caso.

A ideia do filme está muito interessante mas não passa daí. Acabamos por ter mais um filme romântico típico sem nada de novo a acrescentar..

Os actores estão ao nível do que é exigido para um filme deste nível, ou seja não muito, a banda sonora é apelativa e enquadra-se na acção.

Resumindo, é um filme básico sem nada de muito original. Garante entretenimento mas não fica na memória. Para quem gosta deste tipo de filmes.

Conceição Vences Leal

O Segredo de Brokeback Mountain (“Brokeback Mountain”)

Realizador: Ang Lee
Intérpretes: Heath Ledger, Jake Gyllenhaal, Michelle Williams, Anne Hathaway, Randy Quaid, Linda Cardellini, Roberta Maxwell, Anna Faris, Kate Mara, Peter McRobbie, Scott Michael Campbell
Classificação: ****

Um dos grandes candidatos na corrida aos Óscares este filme conta-nos uma história de amor proibido. Neste caso o amor entre dois homens na América rural dos anos 60. Para muitos é chamado de o filme dos cowboys gay, e é-o, mas isso é simplificar muito as coisas. A história gira mais à volta da relação entre duas pessoas e da forma como estas reagem a uma situação que lhes é totalmente adversa.

Um dos grandes trunfos do filme são as actuações, os dois actores principais é que tornam o filme aquilo que ele é, e são de todo merecidas as nomeações de ambos. Ledger tem provavelmente o papel da vida dele, conseguindo transmitir muito do seu personagem por expressões faciais e corporais. Mas há que referir que os restantes secundários também ajudam no processo.

A paisagem também está espectacular, sendo a fotografia outro dos trunfos do filme, a esta junte-se-lhe uma boa banda sonora e temos presente um filme de qualidade.

Mas apesar de bom este filme não é perfeito, às vezes parece haver uma falta de ritmo e fica a sensação de que alguns pontos poderiam ter sido mais desenvolvidos.

No global recomendo o filme, dado ser um bom espectáculo de cinema. Tenho visto reacções adversas ao filme de pessoas que ainda não foram ver só por causa do tema, mas acho que há que dar uma hipótese e evitar ideias pré-concebidas. Vale a pena.

Conceição Vences Leal

Walk the Line (“Walk the Line”)

Realizador: James Mangold
Intérpretes: Joaquin Phoenix, Reese Witherspoon, Ginnifer Goodwin, Robert Patrick, Dallas Roberts, Dan John Miller, Larry Bagby, Shelby Lynne
Classificação: ****

Walk the Line conta a história da vida do cantor Johnny Cash e da sua relação com a cantora June Carter. Não sendo um filme épico é uma obra agradável de ser ver com um bom ritmo e muita música. Sendo uma biografia, o filme aposta mais na história de amor entre John e June, fazendo das músicas um dos principais veios transmissores da relação.

As actuações do par principal Joaquin Phoenix e Reese Witherspoon está excelente sendo de referir que todas as músicas foram cantadas pelos próprios actores, o que confere uma mais valia ao filme. Ambos estão nomeados para os Óscares nas categorias de Melhor actor e actriz, e trata-se de uma boa escolha. No entanto tendo em conta a concorrência deste ano penso que não deverão ir mais longe do que as nomeações.

É curioso ver como secundários os personagens de Elvis Presley, Jerry Leel Lewis e Roy Orbison, como estrelas em desenvolvimento ao lado de Johnny Cash.
A banda sonora está muito boa sendo basicamente composta por músicas de Cash e Carte.

Este filme não é uma obra de arte mas oferece um produto final simpático e que vale a pena ver. Apesar de existir algum drama é um filme leve, e as actuações garantem um bom produto final. Dá para duas horas e meia bem passadas.

Conceição Vences Leal