Friday, March 10, 2006

Terra Fria (“North Country”)

Realizador: Niki Caro
Intérpretes: Charlize Theron, Frances McDormand, Sean Bean, Woody Harrelson, Jeremy Renner, Richard Jenkins, Sissy Spacek, Thomas Curtis, Elle Peterson, Michelle Monaghan
Classificação: ***

Numa pequena cidade Americana cuja fonte de riqueza e de emprego é uma minha de ferro, uma mulher vê-se sozinha com dois filhos para criar. Surge a oportunidade de ir trabalhar para a mina, e apesar da dureza das condições a independência monetária tem peso e ela aceita.
No entanto a mina é um mundo de homens e as mulheres que lá trabalham têm uma vida difícil, já que os homens as consideram inferiores e como alguém que está a roubar a homens válidos.
Num ambiente de total discriminação sexual e abusos, essa mulher tem a coragem de se queixar, contra tudo e contra todos.

Baseado em factos verídicos este filme tem uma história de base interessante mas acaba por cair numa previsibilidade que lhe retira interesse, dei por mim a ter a sensação de já ter visto filmes muito semelhantes.

A mais valia deste filme é o nível das interpretações, que praticamente são o que o puxa da total mediocridade. Em termos técnicos o filme está bom, mas não traz nada de novo. Sendo uma história verídica era de esperar alguma previsibilidade, mas neste caso é demasiada. O argumento não soube ultrapassar esse problema.

Em resumo, é um filme que se vê bem, mas é mais uma história típica, não entusiasma. É ver e esquecer.

Conceição Vences Leal

Colisão (“Crash”)

Realizador: Paul Haggis
Intérpretes: Matt Dillon, Don Cheadle, Sandra Bullock, Brendan Fraser, Thandie Newton, Ryan Phillippe, Larenz Tate, Jennifer Esposito, William Fichtner, Nona Gaye, Terrence Howard, Michael Pena, Shaun Toub, Bahar Soomekh
Classificação: *****

Sem dúvida para mim o melhor filme do ano passado. E não querendo entrar muito pela análise dos óscares, penso que o prémio de Melhor Filme foi bem merecido.

Este é um filme que já estreou entre nós há bastante tempo, mas de forma bastante discreta. Foi-se mantendo em cartaz durante meses, desapareceu e agora regressou, o que acho bem, pois dará a hipótese a mais pessoas para o irem ver.

A história decorre em Los Angeles no período de um dia, e gira à volta de muitos personagens. Durante esse dia a vida desses personagens, que são originários dos mais variados extractos sociais e raças, entrecruza-se mostrando-nos a realidade de uma cidade, os seus conflitos raciais e não só. Usando um pouco alguns estereótipos o filme mostra-nos a xenofobia, o racismo que existe a todos os níveis. Umas vezes de forma mais leve outras não, expõe os preconceitos que nos rodeiam e que às vezes não aceitamos que existem. Mas mais, mostra que nem tudo é branco ou preto, uma pessoa que pode cometer um acto atroz num momento, noutro pode cometer outro totalmente altruísta.

As questões abordadas são várias e dão para pensar, e uma pessoa sai da sala a ponderar sobre alguns dos temas abordados. Penso que mesmo daqui a alguns anos, o filme vai ser actual, o que significa que tem substancia

E aqui aproveito para fazer mais uma referência aos óscares… há quem diga que Broakback Mountain devia ter ganho, que foi discriminação… mas não será exactamente o contrário? Lá por tratar de um tema quente e ser uma história algo diferente, só isso vale um óscar? Aposto que assim que o tema esfriar o filme vai desaparecer no esquecimento…. Especialmente se surgirem novos filmes com temas semelhante. Penso que um bom filme tem de perdurar no tempo. Daqui a 10 anos voltarmos a pegar no filme e ainda nos deliciarmos com ele.

De regresso a Crash, as interpretações são muitas e de bom nível, conferindo uma densidade psicológica que é um dos principais trunfos do filme. O elenco é de luxo estando recheado de bastantes nomes conhecidos. Não se pode dizer que haja uma grande interpretação principal dada a quantidade de personagens, mas Matt Dillon é um dos que se destaca.

A banda sonora é interessante e dá um suporte fundamental ao filme. Em termos de montagem esta está bastante bem conseguida, especialmente se tivermos em conta a quantidade de histórias entrecruzadas, dado estarmos perante um filme “mosaico”.

Em resumo, estamos perante uma obra de qualidade que aborda um tema bastante actual e preocupante das sociedades de hoje, embora talvez de uma forma mais especial da americana. Sendo um filme bastante sério e em alguns momentos de grande intensidade dramática, é intercalado por momentos mais divertidos, que mesmo assim acabam por nos fazer chegar a mensagem.
A não perder.

Conceição Vences Leal

Bandidas

Realizador: Joachim Roenning, Espen Sandberg
Intérpretes: Penelope Cruz, Salma Hayek, Steve Zahn, Dwight Yoakam, Sam Shepard, Ismael `East` Carlo
Classificação: **

Este é basicamente um filme para divertir, o que chamaria de um filme de pipocas, ou descartável. É para ver, rir um bocadito e depois esquece-se.

A história passa-se no México e mais uma vez gira à roda de terras e da construção do caminho de ferro. Os maus querem ficar com as terras dos camponeses e para isso estão dispostos a tudo. Pelo meio metem-se com os pais de uma camponesa, Maria (P. Cruz) e de uma ricaça mimada, Sara (S. Hayek). Apesar do antagonismo inicial estas juntam-se para se vingar e ajudar o povo, passando a ser conhecidas como as Bandidas.

O filme tem ritmo e é divertido, mas os diálogos são do mais simplista possível, sendo recheados de clichés. A banda sonora tem sonoridades que fazem lembrar quase de imediato a banda sonora de Zorro…. Será de propósito? Quanto às actuações, estão ao nível do que se espera, nada de fantástico, mas também não chocam.

Resumindo, o filme é extremamente simples e não acrescenta nada de novo, a previsibilidade é enorme mas dá para passar uma hora e meia descontraído. É bom para aqueles dias em que não se quer pensar muito.

Conceição Vences Leal